Brasília, 20 de Maio de 2025 - 12:42

APENAS 9% DOS INFLUENCIADORES TÊM INTERNET COMO ÚNICA FONTE DE RENDA

O ‘Censo de Criadores de Conteúdo do Brasil 2025’ mostrou que o sonho de viver da internet ainda está longe de ser uma realidade para a maioria das pessoas. Realizada pela Wake Creators, a pesquisa revelou que apenas 9% dos influenciadores têm a profissão ‘creator’ como única fonte de renda, destacando que a monetização dos conteúdos digitais ainda é um desafio, por mais que o mercado de marketing de influência não pare de crescer.

O levantamento detalhou o quanto da renda mensal dos influenciadores entrevistados é composta pelo trabalho deles na internet, e 26% responderam que não têm nem renda mensal e realizaram apenas campanhas pontuais.

Quase um quinto (19%) nunca sequer fechou trabalhos remunerados. Para 15% dos respondentes, a internet é responsável por entre 5% e 20% da renda. Já para 11% dos criadores, o trabalho como influenciador compõe 5% da renda e para outros 11% o dinheiro da web representa entre 21% e 50% dos ganhos. Apenas 17% têm pelo menos metade dos rendimentos garantidos pela internet. Para concluir, é de apenas 9% o número de quem vive exclusivamente das redes sociais.

Fabio Gonçalves, diretor de Talentos Internacionais da Viral Nation

O diretor de talentos internacionais da Viral Nation, Fabio Gonçalves, especialista no mercado de marketing de influência há mais de dez anos, explica que o crescimento do setor de creators não significa que todos eles estão preparados ou posicionados para viver exclusivamente da internet: “Monetizar conteúdo exige estratégia, constância, profissionalização e, principalmente, estrutura”, diz.

Muitos criadores, afirma Gonçalves, ainda não têm acesso a uma equipe que os ajude a se organizar comercialmente, ou mesmo não sabem como transformar engajamento em faturamento. “Além disso, a falta de comprometimento é um fator preponderante nessa equação, já que no final das contas essa pessoa precisa priorizar o maior ganha pão dela, que muitas vezes não é a internet.”

Ele diz que a realidade é bem diferente da visão que as pessoas de fora têm da internet. “Existe uma visão romantizada de que basta ter seguidores para viver de internet, mas a realidade é bem mais complexa”, afirma ele. “O criador de conteúdo precisa entender seu nicho, saber negociar, precificar, analisar contratos, emitir notas fiscais, construir autoridade e entregar resultado real para as marcas, não é só sobre fazer um post bonito.

A profissionalização, diz o especialista, é o que transforma o influenciador em uma marca pessoal rentável. E isso exige tempo e planejamento. “Por isso, criadores que contam com agentes ou agências estruturadas tendem a sair na frente, porque conseguem alinhar estratégia, reputação e oportunidades comerciais de forma mais eficiente.”

Segundo o profissional, a tendência é que cada vez mais criadores consigam viver exclusivamente da internet, mas isso vai depender do nível de profissionalização do mercado como um todo. Na opinião de Fabio, o mercado está caminhando para um cenário em que as marcas estão mais criteriosas, buscando criadores que entregam resultado real, que conhecem seu público e sabem construir narrativas de marca com autenticidade.

“Por isso eu digo que quem estiver preparado, com posicionamento estratégico, dados estruturados e responsabilidade na entrega, vai colher os frutos. A projeção é de crescimento, mas com uma exigência maior de maturidade profissional por parte dos influenciadores”, diz.

É nesse momento que entra o papel das agências, na visão de Gonçalves. Para ele, a missão delas é justamente ajudar esses criadores a se tornarem negócios, sem perder sua autenticidade.

Tags

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter