Brasília, 14 de Julho de 2025 - 3:05

GERAÇÃO Z ADERE A ESTÉTICA DIGITAL ‘IMPERFEITA’ COM MODELO CYBERSHOT

A Geração Z vem puxando um novo movimento estético que valoriza fotos cruas, desfocadas, com luz estourada, ruído na imagem e estética caseira, diferente das fotos perfeitinhas proporcionadas por avanços tecnológicos. Nesse contexto, câmeras digitais compactas dos anos 2000, como a clássica Sony Cybershot, voltaram ao centro da cultura visual, agora como símbolo de autenticidade e liberdade criativa.

Mais do que um “revival” nostálgico, trata-se de um novo código visual. Segundo levantamento da Pequenas Empresas & Grandes Negócios, a busca por câmeras digitais aumentou até 563% em 2024, com a Geração Z liderando o resgate dessa linguagem.

Esse novo comportamento reflete posicionamentos da geração, como espontaneidade, vulnerabilidade e identidade visual própria. A estética “imperfeita”, antes considerada amadora, agora é buscada intencionalmente, como forma de expressão e contraponto à superprodução digital.

De olho neste comportamento, plataformas especializadas em equipamentos criativos têm reposicionado seus portfólios para acompanhar essa mudança. A Octoshop (www.octoshop.com), marketplace voltado à tecnologia para criadores de conteúdo, registrou um crescimento expressivo na demanda por câmeras digitais compactas. Entre novembro de 2024 e maio de 2025, as vendas da linha Cybershot cresceram 1.456%.

“A Geração Z está reconstruindo os códigos visuais da internet. Eles não buscam apenas estética: buscam narrativa, significado e uma conexão mais honesta com o que produzem e consomem”, afirma o Chief Growth Officer da Octoshop, Ricardo Steffen,. “A missão da Octoshop é justamente garantir que esses criadores tenham acesso às ferramentas certas para expressarem sua visão com liberdade”, diz.

Além de expandir a oferta de produtos conectados à nova estética, a plataforma também investe em curadorias editoriais, conteúdos educativos e parcerias com fotógrafos independentes.

Para a fotógrafa e socióloga Tania Buchmann, supervisora do Núcleo de Fotografia do Centro Europeu, o interesse pelas câmeras digitais compactas revela muito mais do que uma simples tendência estética. “Existe, sim, um resgate nostálgico: o desejo de entender como eram feitas as imagens dos pais e avós, como aquelas fotos ficavam daquele jeito”, diz.

Segundo Tania, o distanciamento da câmera do smartphone também é um fator importante nesse movimento. “Com o celular, tudo é imediato. Se a imagem não fica boa, você apaga, edita, usa IA e segue. A Cybershot exige outra postura: cada clique é mais pensado. É preciso parar, refletir, compor.

O retorno das Cybershots, nesse sentido, não é uma moda passageira: é sintoma de uma transformação mais profunda nos hábitos de consumo de imagem. “Se antes a regra era a perfeição, agora é o gesto real que comove, o clique rápido que revela, o retrato tremido que representa”, diz Tânia.

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