Brasília, 14 de Julho de 2025 - 18:33

A DESVENTURA

*Por: Antoninho Rossini, jornalista

Despencar de mais de 500 metros de altura, numa região inóspita, perigosa e desconhecida, no vulcão Rinjani, na Indonésia fez da publicitária Juliana Marins mais uma vítima dos seus próprios sonhos e aventuras. Realizar aquela trilha, certamente, para ela, seria a realização de um desejo incontido de conhecer algo inspirador, desconhecido.

O Brasil, até esta manhã acompanhava as ações de resgate da jovem Juliana. Foi um trágico fim e muita tristeza para a família.

Mal comparando, também sofri uma queda durante uma trilha pela Serra da Canastra, em Minas Gerais em 2024. Local também sem recursos e caminhos mal sinalizados. Desabei alguns metros e me projetei por entre mata fechada e pedras pontiagudas. Alguns segundos de queda pareciam horas sem fim. Quando me dei conta estava com trauma na mandíbula, perna quebrada e sem movimentos, mas consciente. O socorro solidário, no momento, veio rápido, mas o resgate daquela situação demorou muitas horas, até a chegada num serviço de pronto atendimento. Depois, mais de 10 horas de viagem até São Paulo, para ser atendido num centro de traumatologia.

Cirurgia, ataduras, medicamentos e uma recuperação que continua em curso. Sofri, fiz pessoas sofrerem. Da mesma forma, já pratiquei salto de paraquedas, rapel, tirolesa e explorações de pesca pela Amazônia e outras regiões.

O que uma pessoa como eu, com mais de 82 anos desejava fazer, especialmente na Serra da Canastra? Simples: realizar um sonho, uma aventura. Só queria chegar até a nascente do Rio São Francisco! A resposta é uma só, talvez, a  mesma que levou a jovem Juliana e outras tantas pessoas: a aventura.

Dessa minha desventura, escrevi um livro que se chamada “Velhice Radical”, onde descrevo essa desventura. O livro só existe para aclarar e conscientizar pessoas de que a aventura é algo que as vezes chega a superar raciocínios mais lógicos. Enfim, é a vida!

O desenlace desse episódio com Juliana mexeu comigo. Escrevi um livro e ainda estou por aqui; ela, não. Digo sem receio que quando morrer desejo deixar como legado a minha melhor versão. Aos familiares de Juliana, uma declaração de conforto: ela partiu realizando os seus sonhos.

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