*Por Carlos Grilo
Todo mundo parece estar indo bem.
Pelo menos nas redes sociais.
No LinkedIn, então, nem se fala.
Por lá, os cases são sempre de sucesso. As ideias, brilhantes. As campanhas, premiadas. E as pessoas? Motivadas, estratégicas, gratas, sempre aprendendo. Estamos todos performando. O tempo todo.
A naturalidade passou a vir escancarada nos roteiros.
A vulnerabilidade, embalada na estratégia.
E a espontaneidade, destacada no slide do planejamento.
Autenticidade virou ativo.
E todo mundo está aprendendo a parecer real sem ser.
O resultado é que vivemos cansados de parecer fodásticos.
Esgotados por tentar manter a persona que criamos para nos vender.
Entramos no looping infinito do pitch permanente. Do feed que não pode parar.
Do conteúdo que não pode falhar. Do personagem que não pode perder a linha. Da necessidade de vender todo fracasso como aprendizado.
O problema é que quanto mais tentamos nos mostrar fora da curva, mais derrapamos na verdade. E quanto mais otimizamos nossa imagem, mais nos afastamos de nós mesmos.
Essa lógica não cansa só a gente. Cansa também quem nos acompanha. Ninguém aguenta mais tanta perfeição performática, tanta presença mecânica, tanto entusiasmo forçado. Tanto conteúdo produzido por IA.
Talvez seja hora de abandonar a persona e reencontrar a pessoa.
Aquela que existe mesmo quando não tem nada de incrível pra mostrar.