*Por Antoninho Rossini- Jornalista e Escritor
Certa vez o influente editor e jornalista Joseph Pulitzer, criador do prêmio que leva seu nome, uma das mais desejadas láureas pelos profissionais de imprensa disse que “as manchetes capazes de provocar comoções na humanidade, muitas vezes são encontradas nos cestos de lixo”.
Antes de falecer, em 1911, Pulitzer criou uma fundação que leva o seu, além de se transformar no maior benfeitor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. O tempo provou que ele tinha razão. O livro “Todos os Homens do Presidente”, escrito em 1972, pelos repórteres do influente diário norte-americano The Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward, provocou a queda do então presidente Nixon, quando eclodiu o caso Watergate e abalou o mundo. Foi um verdadeiro “furo” reportagem gerado com a prática do jornalismo investigativo. As primeiras pistas das tramas que levaram a queda de Nixon, começaram justamente nos cestos de lixo. Os dois repórteres, além de outras fontes seguras, dentro e fora do poder político da época, recorreram aos serviços análogos aos dos garis, nas salas onde o staff do então presidente Nixon mantinha seu quartel general, no interior de um hotel, o Watergate – daí o nome.
Eles, diária e furtivamente remexiam nos cestos de lixo em busca de dados, rabiscos e sinais comprometedores capazes de incriminar Nixon. Mais recentemente, outro, provavelmente gênio, só que análise estatística e com visão em marketing, disse mais ou menos o seguinte: “ Se conhece o nível cultural, social e de desenvolvimento de um povo pelo seu consumo de produtos de limpeza como sabonetes, papel higiênico e toalhas”. Ao se levar a sério essa observação, pode-se afirmar que o Brasil está retomando algumas características para justificar uma leve sensação de crescimento. Há números capazes de dar consistência à essa percepção. O Estudo Data Stories, da Kantar Ibope Media acaba de apurar que o mercado publicitário sofreu um crescimento de cerca de 10% na compra de espaços nos diferentes meios de divulgação, o que equivale cerca de R$ 36 bilhões. Esse porcentual de 10% refere-se à comparação com o mesmo período do ano passado. Se levarmos em conta anos anteriores ( 2019/2020, por exemplo) esse aumento chega a fazer o setor soltar fogos de felicidade. Se os meses restantes continuarem com essa mesma tendencia é esperado que a soma total de 2023 seja mais que o dobro da auferida até agora. A publicidade vende produtos e serviços. Os últimos dados apontados por outra pesquisa oficial mostram que anunciantes estão promovendo de forma massiva, produtos de higiene e beleza – ponto a favor do gênio da frase mencionada logo acima. Temos ainda pela frente diversas datas comemorativas onde o comércio investe em comunicação esperando retornos maiores. Como consequência direta, agências e veículos poderão chegar a patamares mais avançados de crescimento. A questão tem seus complicadores se lembrarmos que as diferentes mídias aumentaram em quantidade e formato em decorrência da tecnologia. Os meios digitais multiplicaram suas plataformas, as Tvs, a cabo e abertas já não operam como antes, sem contar os meios impressos na sua corrida pela sobrevivência.
