Brasília, 14 de Julho de 2025 - 3:20

UMA ESTÉTICA QUE JÁ NASCE CANSADA

*Por Carlos Grilo

Tem referência demais.
Case saindo pelo ladrão.
Inspiração para todo lado.
E originalidade nenhuma.

Todo mundo consome os mesmos portfólios.
As mesmas paletas de cores.
Os mesmos designers.
Os mesmos criativos.
O mesmo “ar de coisa boa”.

E o resultado não podia ser outro: tudo soa igual.

O excesso de referência sequestrou a criatividade.
E a transformou num vício disfarçado de repertório.
Um caminho seguro, que leva direto ao lugar comum.

Antes de começar um projeto, já tem moodboard.
Antes de pensar, já tem referência salva.
Antes de tentar, já tem alguém copiando o que já deu certo.
A tempestade de ideias foi substituída pela caça aos memes.

É o algoritmo ditando o que é bom.
O Pinterest formatando o olhar.
O Behance moldando a ambição.
E os agentes de IA impondo sua estética.

Criar virou rearranjar elementos.
A inventividade virou um processo de remixagem.
E qualquer traço de ousadia virou risco desnecessário.

Mas se tudo parte do que já foi feito, o que sobra de novo?
Onde entra o incômodo?
A quebra de expectativa?
A inquietação que perturbava redatores e diretores de arte?

Não, a criatividade não nasce do que está pronto.
Nasce do que ainda não tem nome.
Do que ainda não é bonito.
Do que talvez nem funcione.

E, se você precisa ver antes para acreditar, talvez não esteja criando.
Talvez só esteja replicando com bom gosto.

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