Nesta sexta-feira, peço licença à formalidade para dedicar algumas linhas a uma jovem estudante de destaque na cena literária de Brasília. Em tempos de “inteligência artificial”, é gratificante assistir ao florescer da “emoção natural”.
Maria Luíza Santana de Vasconcelos, de 13 anos, é uma leitora voraz, ela leu 195 livros em 2023, escreveu 12 linhas de resumo sobre cada um deles e debateu vários conteúdos com professores do Colégio Marista, com a família e colegas. A proeza lhe rendeu uma menção de destaque no colégio agora em 2024, em referência ao Programa Lei@ de 2023.
Durante o ano, os alunos participaram do projeto junto com a professora de Português Graziela, e ao término de cada livro lido apresentavam à professora esse resumo e uma avaliação pessoal. Também encaminhavam aos pais para assinarem o diário de leitura, confirmando com a professora a leitura de cada um deles.
Entre livros longos e outros mais curtos, Malu leu em média 50 páginas por dia, um feito impressionante considerando os hábitos de leitura nacional. De acordo com a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê uma média anual de 4,96 livros. Porém, apenas 2,5 desses livros foram lidos do início ao fim.
A cerimônia de premiação de Maria Luíza ocorreu na última quinta-feira, dia 10 de outubro de 2024, quando o público presente também conheceu um de seus poemas. No discurso, a estudante se disse grata pela experiência. “Eu não preparei exatamente um discurso esplêndido ou citações magníficas, apenas minha percepção sobre esse projeto. Um dos males da nossa geração é o medo de se expressar e opinar sobre certas questões, e esse trabalho nos deu a oportunidade de fazer ambos”, discursou Malu, que agora se dedica a produzir sonetos.
Acontece que Maria Luíza é minha neta, e suas palavras e ações me encheram de orgulho e, confesso, emoção. O incentivo à leitura e ao aprendizado jamais deveria passar em branco no nosso Brasil, por isso me dedico a escrever estas breves linhas, na esperança que milhares de jovens percorram esse caminho e gerem prosperidade à nossa nação.
Como jornalista e publicitário, sinto a mais plena felicidade por testemunhar o alvorecer da minha querida neta no campo das letras e da comunicação. Como no dito popular, “o avô é um cavalo chucro que o filho amansa para o neto montar”. Pois este experimentado corcel, que aqui vos escreve, está pronto para trotar e apresentar à sua amazona, com muita alegria, os caminhos da publicidade, da comunicação e da criatividade – caso ela queira, é claro.
Afinal, seja nesta carreira do avô, ou em qualquer outra que ela venha a escolher, seu precoce esforço e dedicação revelam que a mocinha irá longe, ora caminhando, ora marchando, ora cavalgando em um mundo de letras e imaginações sem fim.
*Fernando Vasconcelos, publicitário, jornalista, relações públicas, bacharel em Direito (e um avô feliz).