
É louvável a iniciativa cultural da exposição “Vigia – 1823/1835 – da Independência à Cabanagem”, que será aberta em Vigia de Nazaré, no nordeste do Pará, neste dia 11.
Relevante para o turismo cultural, o projeto celebra os 200 anos da adesão da então Vila da Vigia à Independência, a 32 de agosto de 1823, e os 188 anos da Cabanagem, episódio de violência ocorrido no dia 23 de julho de 1835.
É um projeto idealizado pelo jornalista Nélio Palheta. A iniciativa que tem a chancela da prefeitura, da Câmara de Vereadores e do Arquivo Público do Estado do Pará.
Vigia foi uma vila importante na colonização do Grão-Pará, tendo acumulando poder econômico, político e cultural. Prosperou na Vigia do século XIX a literatura e o jornalismo. A educação foi uma bandeira permanente de educadores, políticos, jornalistas, empresários.
A vila foi palco do mais violento episódio da Revolução Cabana no interior do Pará – não sem razão, afinal, a população nativa viu, mesmo depois da adesão à Independência, os portugueses manterem o poder político e econômico.
Ocorrida no dia 31 de agosto, a Adesão da Vigia fez parte de um plano político, a partir de Belém, para fazer todo o Grão-Pará ser obediente a D. Pedro I.
A ocupação da vila, com a tomada do Trem de Guerra, onde os cabanos mataram as autoridades, no dia 23 de julho de 1835, foi detalhadamente descrita em Motins Políticos, obra do vigiense Domingos Antônio Raiol, o Barão de Guajará, jurista e político do Império. A obra descreve os acontecimentos da Vigia com impressionante realismo: “Em frente ao Trem não havia menos de sessenta corpos estendidos nos chão, golpeados, disformes…”- disse o escritor vigiense, que tinha apenas cinco anos quando o pai dele, Pedro Raiol, vereador, foi morto.
A exposição poderá ser vista, até dia 30 de setembro, na Câmara de Vereadores, que ocupa o lugar simbólico do Trem de Guerra. Valerá a pena ser vista, principalmente por estudantes de todos os níveis escolares.