*Por Carlos Grilo
Cansei de ouvir essa frase.
Sempre em tom de desabafo e com ares de revolta.
Como se fosse, de fato, péssimo para a agência.
“O cliente não sabe o que quer” virou um bordão da autoindulgência.
Uma forma de tirar o peso das costas.
De justificar um envolvimento superficial.
E maquiar entregas sem alma.
Se o cliente realmente não sabe o que quer, aproveite!
Ele não contrata uma agência para reproduzir as próprias ideias.
Contrata para ter ideias e pensar junto.
Para tensionar com inteligência.
Para propor o que ele ainda não imaginou.
Para resolver o que ele nem sabe nomear.
Esse é o trabalho.
E se ele não sabe o que quer, ótimo!
Não há cenário melhor para quem sabe escutar, interpretar, provocar e construir.
Mas o que temos visto é o contrário.
Profissionais que se protegem da insegurança alheia com sarcasmo.
Que abandonaram o papel consultivo e viraram despachantes de demanda.
Que reclamam do briefing raso, mas não aprofundam.
Que terceirizam a clareza para quem justamente veio buscá-la.
O cliente não precisa saber o que quer.
Mas você precisa saber como descobrir.
E, principalmente, como conduzir.
Agência que só faz o que o cliente pede é frágil.
E, por mais barato que ela cobre, sempre será cara demais.