Brasília, 23 de Junho de 2025 - 16:21

O CLIENTE NÃO SABE O QUE QUER

*Por Carlos Grilo

Cansei de ouvir essa frase.
Sempre em tom de desabafo e com ares de revolta.
Como se fosse, de fato, péssimo para a agência.

“O cliente não sabe o que quer” virou um bordão da autoindulgência.
Uma forma de tirar o peso das costas.
De justificar um envolvimento superficial.
E maquiar entregas sem alma.

Se o cliente realmente não sabe o que quer, aproveite!
Ele não contrata uma agência para reproduzir as próprias ideias.
Contrata para ter ideias e pensar junto.
Para tensionar com inteligência.
Para propor o que ele ainda não imaginou.
Para resolver o que ele nem sabe nomear.
Esse é o trabalho.

E se ele não sabe o que quer, ótimo!
Não há cenário melhor para quem sabe escutar, interpretar, provocar e construir.

Mas o que temos visto é o contrário.
Profissionais que se protegem da insegurança alheia com sarcasmo.
Que abandonaram o papel consultivo e viraram despachantes de demanda.
Que reclamam do briefing raso, mas não aprofundam.
Que terceirizam a clareza para quem justamente veio buscá-la.

O cliente não precisa saber o que quer.
Mas você precisa saber como descobrir.
E, principalmente, como conduzir.

Agência que só faz o que o cliente pede é frágil.
E, por mais barato que ela cobre, sempre será cara demais.

Tags

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter