Brasília, 09 de Setembro de 2024 - 5:32

P&G SELECIONARÁ 25 NEGROS PARA CURSO DE PUBLICIDADE

A P&G Brasil anunciou projeto considerado icônico, cujas iniciativas visam melhorar a diversidade étnico-racial, envolvendo as marcas da empresa, seus parceiros (fornecedores e clientes) e embaixadores. 25 jovens negros e negras serão selecionados para cursar, ao longo de sete meses, um curso voltado à produção publicitária, com professores da Miami Ad School, na Faculdade Zumbi dos Palmares (que criou os primeiros cursos brasileiros de Publicidade e Administração para estudantes negros).

O curso será gratuito para os selecionados, já que a P&G bancará 100% dos custos. “A Miami Ad School completa 20 anos e estou muito emocionado porque, hoje, estamos fazendo história aqui”, afirmou Paulo André Bione, diretor acadêmico da instituição.

“O que estamos fazendo é uma mudança sistêmica”, afirmou o chief brand officer global, Marc Pritchard, destacando que ações semelhantes estão em curso em outras partes do mundo, como nos EUA, sede da P&G. Lá, a empresa tem conseguido envolver mais profissionais negros nos bastidores da produção publicitária por meio do projeto Widen the Screen.

“Como maior anunciante do mundo, sabemos como a imagem na publicidade impacta como as pessoas vêem umas às outras”, argumentou o CBO. Se as pessoas aparecem de forma enviesada, ou diminuídas, alimenta preconceitos, destacou. Mas mostrar as pessoas como elas realmente são pode ser uma força para o bem, socialmente, além de fazer essa parte da população – que no Brasil é a maioria, 56% – a confiarem mais nas marcas que têm essa postura.

José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, destacou que ser negro no Brasil significou e ainda significa enfrentar barreiras e limitações. “Nossa pele traz um ‘defeito’ de nascença e isso nos tira do mundo do consumo”, afirmou. Comentou como a população negra primeiro foi demonizada e, depois, apagada pelo racismo estrutural, em que era preciso “se branquear” para entrar nas engrenagens sociais. Na maioria das vezes, disse, a estética da publicidade contribuiu para esse racismo. 

Por isso, a Zumbi dos Palmares foi a primeira instituição a criar um curso de Publicidade, especialmente voltado a essa população. Além de exaltar o apoio de empresas como a Grey – que fez a premiada campanha Machado de Assis Real, que reviu o embranquecimento a que muitas editoras e outros meios submeteram um dos maiores escritores do país – José Vicente celebrou o fato de poder estar dentro de uma das principais empresas do mundo, tratando de assuntos que até pouco tempo eram considerados tabus.

Já Luciana Rodrigues, CEO da Grey, destacou que representatividade não diz respeito apenas àquilo que se está vendo nas telas, mas também na hora de criar e produzir uma campanha. E que é preciso que a indústria publicitária também assuma responsabilidade em relação ao tema. “A gente precisa começar! É uma construção coletiva e tem uma ambição muito grande”, afirmou, segundo Meio&Mensagem.

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