Brasília, 06 de Dezembro de 2025 - 8:54

NOVOS CAMPOS DE BATALHA DO MARKETING POLÍTICO INCLUEM IA E MICROSEGMENTAÇÃO

NOVOS CAMPOS DE BATALHA DO MARKETING POLÍTICO INCLUEM IA E MICROSEGMENTAÇÃO

As campanhas políticas no Brasil e na América Latina começam a incorporar mudanças profundas com o uso de IA e microsegmentação. No Brasil, em particular, as eleições de 2026 serão as maiores da história, seja em número de candidatos e nos valores de financiamento.

Plataforma, dados e mensagens privadas deixaram de ser apenas ferramentas de apoio e passaram a estruturar toda a disputa. Para partidos, agências e consultorias, o desafio já não é apenas “ter presença digital”, mas gerenciar a narrativa, segmentação e ética em tempo real.

De acordo com o relatório “Digital 2024: Brazil”, havia 187,9 milhões de usuários de internet no País no início de 2024, o que representa uma penetração de 86,6% da população. Além disso, o país contava com 144 milhões de usuários de redes sociais, equivalente a 66,3% da população. Esse cenário significa que qualquer campanha política com ambição não pode mais ignorar o digital como eixo central da estratégia.

Para o publicitário e estrategista Guto Araújo, o marketing político vive uma transição definitiva, na qual as campanhas digitais assumiram o protagonismo absoluto nas disputas eleitorais. “O candidato que não compreender a lógica dos dados, das narrativas segmentadas e da velocidade do WhatsApp entra na corrida em desvantagem”, afirma.

Segundo Araújo, que já colaborou em seis campanhas presidenciais no Brasil e América Latina, essa transformação se reflete no papel central dos mensageiros como WhatsApp e Telegram, que criam engajamento orgânico e senso de pertencimento, mas também impõem desafios de rastreabilidade e moderação.

Além disso, a microsegmentação e o uso de dados comportamentais permitem que campanhas adaptem narrativas para públicos específicos, aumentando a eficiência, mas exigindo transparência e conformidade com a LGPD.

Paralelamente, ferramentas de inteligência artificial aceleram a produção de conteúdos audiovisuais e textos, trazendo ganhos de produtividade, mas também riscos reais de deepfakes, bots e manipulação algorítmica.

“A Inteligência Artificial é uma aliada poderosa, mas sem governança se transforma em ameaça. O risco não está na ferramenta, mas no uso”, diz. “O eleitor de 2026 quer estar mais informado, saber quem financiou, qual base de dados foi usada e com qual consentimento. Campanhas que internalizam a ética como valor são mais sustentáveis e duradouras, tanto do ponto de vista reputacional quanto eleitoral.

Araújo destaca ainda que candidatos de menor porte ou campanhas locais têm oportunidades reais de alcance e visibilidade se souberem explorar corretamente canais digitais como WhatsApp, Instagram e TikTok.

Mas faz um alerta. “O custo do erro é altíssimo: disparos em massa, dados sem consentimento ou conteúdos de origem duvidosa não são mais tolerados pela sociedade nem pela Justiça Eleitoral”, afirma Guto Araújo.

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