*Por Antoninho Rossini – Jornalista e Escritor
Um dos papas globais da Publicidade, o britânico David Ogilvy, sabia como ninguém cativar e atrair clientes para sua agência, a Ogilvy & Matter. Em décadas de atividades criou uma rede mundial de comunicação das mais respeitadas. Ao falecer, em 1999, num castelo na França, deixou vasta literatura sobre a atividade, que mesmo com todo o avanço da tecnologia, ainda se presta para ensinar o caminho das pedras para fazer a atividade gerar resultados para anunciantes e empresas de comunicação. Em seus livros, Ogilvy preconizou ou sugeriu métodos para agências conquistarem e manterem seus clientes satisfeitos. Isso, à custa do talento, dedicação e de, sobretudo, da inteligência, fatores que nenhuma máquina de tecnologia mais avançada, conseguiu (ainda) substituir. Uma das suas lições era fazer uso da própria publicidade para atrair e fazer seus negócios crescerem. Essa estratégia quase esquecida hoje em dia era desejada por anunciantes em todo o mundo. Uma de suas ferramentas se baseava na pesquisa publicitária especialmente aplicada aos seus clientes e com análise de resultados. O britânico respirava comunicação as 24 horas do dia. Ele aproveitava para elaborar anúncios, boletins e folhetos descrevendo as pesquisas. Ogilvy fazia desse material uma eficiente peça promocional. Trabalhava também em pesquisa de comportamento, que se transformava em boletins mensais. Seus resultados traçavam perfis de consumidores e as possíveis estratégias a serem desenvolvidas para atingi-los. Era imbatível. Durante algum tempo as agências norte-americanas se inspiraram em Ogilvy para ampliar suas áreas de influência em busca de clientes. Os veículos de comunicação especializados do chamado “trade”, isto é, de comunicação entre agências, passaram a receber reforço de campanhas publicitárias criadas pelas próprias agências destacando as suas expertises. Há pouca literatura sobre essa fase bem-sucedida dos chamados veículos impressos do “trade”. Atualmente, e transportando essa ambientação para o Brasil, o que observamos é um deserto de ideias e ações. Agencias não fazem as suas próprias publicidades – não falam sobre seus feitos como deveriam; não cacarejam como galinhas quando botam ovos. Tanto é que, os poucos veículos de comunicação sobre publicidade brasileira estão fenecendo a cada mês. Dos poucos ainda existentes sobrevivem à duras penas. Quase não há mais anúncios das próprias agências. Sua grande maioria migrou para as telinhas digitais. O que diria David Ogilvy, se vivo fosse sobre essa nova situação?
