Desde o isolamento social, a relação das pessoas com o trabalho vem tomando uma forma não antes vista. As pessoas, principalmente as mais jovens, estão colocando sua qualidade de vida à frente da necessidade de trabalhar, procurando posições que sejam compatíveis com a vida pessoal e desejos, ao invés de se adequar ao emprego, como foi a norma durante muito tempo.
De acordo com a pesquisa Re:Trabalho de 2020, cerca de 63% dos brasileiros entrevistados afirmaram que já mudaram de carreira e 48% pretendem assim que possível. Além disso, 78% responderam que pretendem alinhar o trabalho a seus propósitos e interesses de vida.
Para quem está há muito tempo inserido no mercado de trabalho, mas busca essa nova visão, isso pode significar uma troca de carreiras. “Desde pequena, quis trabalhar na tevê, e já no primeiro ano de faculdade, consegui um estágio na TV Cultura. E assim foram 25 anos na carreira de jornalismo, até três meses atrás,” conta Fabiana Teixeira, jornalista formada pela PUC de São Paulo, que atuou nas maiores emissoras do Brasil.
Fabiana pediu demissão de sua posição como apresentadora e deixou as telinhas, buscando se colocar no mercado como Especialista em Comunicação. Pôde colocar em prática o que aprendeu na ESPM e em Marketing Digital pela Universidade de Columbia, em Nova York. “Foi uma readaptação de quem eu sou,” ela comenta.
“Precisava me desafiar, e na posição que estava não conseguia sentir este desejo de querer mais,” explica Fabiana sobre a sua decisão. “Protelei nos últimos dois anos, e lógico, tive medo. Para a minha geração abrir mão da suposta segurança de um emprego tradicional – que na realidade, não existe – para empreender, e no meu caso ainda sair da tela da tevê, soa como loucura. Mas então veio a pandemia, minha grande impulsionadora.”
“De repente o mundo passou a se comunicar em vídeo e pessoas como médicos, professores, executivos, e profissionais de todas as áreas, precisavam estar de frente com uma câmera. Quando vi, minha agenda lotou com cursos, mentorias e palestras, e foi o empurrão que eu precisava.”