As alternativas de reposicionamento das agências, frente às mudanças causadas pelo impacto do digital no mercado, foram objeto de debate no último programa Chacoalha . O tema está no quinto capítulo do documento “Fenapro Transforma”, divulgado pela Federação Nacional das Agências de Propaganda.
Do debate participaram Daniel Queiroz, presidente da Fenapro, Vera Rocha, presidente do Sinapro-BA e Paulo Donato, presidente do Sinapro-CE.
"Estamos caminhando para uma absoluta transformação no nosso modelo de negócio. Quando nós dizemos consultores de publicidade e comunicação, isto significa ter uma atuação muito mais ampla do que apenas criação e publicidade. No nosso setor, o consultor é aquele que produz conhecimento, trabalha com ferramentas técnicas e com análise de dados, e que deve ter, hoje, um profundo conhecimento do consumidor final da marca com a qual está trabalhando", afirma Rocha.
"Penso que nessa transformação em curso, temos que estar preparados para entregar resultados inteligentes no curto prazo. Temos que apresentar nossas soluções de forma a encantar os clientes, sem deixar de realizarmos nosso trabalho como agenciadores e criativos, mas com o viés consultivo, mostrando ao cliente que não só executamos, mas pensamos estrategicamente o resultado desejado por ele", salienta Donato.
"Durante décadas, o mercado precificou seu serviço a partir do desconto padrão e a remuneração por bonificação de volume. E isso tirou o foco por uma precificação também por cada tipo de serviço, com base no custo e na capacidade de entrega das agências. Contudo, agora, é mais do que necessário que os empresários entendam que o contexto de remuneração das agências passa por um bom estudo sobre como precificar melhor seus serviços, para clientes com verbas menores para mídia, cada vez mais sazonais e com campanhas de curto prazo", afirma Queiroz.
Segundo ele, a transformação das agências para essa nova realidade requer, cada vez mais, uma boa gestão de negócio. Para o presidente da Fenapro, já é fundamental que os empresários do setor saibam gerenciar de forma a entender e prover aquilo que o mercado está pedindo, especialmente, uma nova mentalidade na hora de precificar seus serviços, com base na expertise e capacidade técnica de seus profissionais, e dos custos arcados para a entrega dos serviços.
No documento, a Fenapro sugere que o espaço associativo deve ser mais utilizado pelas agências, para compartilharem experiências que contribuam para mudar essa realidade do mercado, gerando ganhos mútuos e promovendo a capacitação de profissionais para atuarem como consultores, dando agilidade para a adaptação das agências à nova realidade do mercado.
"Vejo como muito importante o trabalho das entidades associativas que temos no mercado, que podem e devem fomentar a participação dos associados e os ajudarem a se preparar melhor para essa mudança que o mercado está passando, e para a necessidade de nos transformarmos em consultores", afirma Donato.
Para resumir o que as agências precisam ter em mente, Vera Rocha citou o publicitário Sérgio Gordilho, que disse em julho de 2020: "Para a agência crescer, ela precisa dos três erres: Relação, Relevância e Remuneração. Mais do que nunca, essa pequena regra dos três erres deve ser o norte das agências. Temos que construir uma boa relação com os clientes que os façam perceber a relevância do nosso trabalho, para chegarmos a uma remuneração mais justa pelos nossos serviços".
A Fenapro sugere as seguintes alternativas para o reposicionamento empresarial:
• A inteligência de mercado e a atuação consultiva estratégica, com foco nos resultados empresariais, poderão ser alternativas mais efetivas de valorização das entregas das agências.
• Algumas agências estão ampliando seu portfólio de serviços, oferecendo soluções de planejamento estratégico de comunicação e marca, ideias e entregas criativas, business intelligence e ferramentas digitais e de dados.
• Uma correta definição dos clientes-alvo pode induzir as agências a se tornarem especialistas nos consumidores-alvo dos seus clientes, entendendo melhor seus hábitos de consumo e, com isso, viabilizando entregas mais impactantes e efetivas para seus clientes.
• O principal ganho da digitalização não será a substituição (automation) das atividades humanas, mas sua potencialização (augmentation).
• A boa gestão nas agências é fundamental, pois muitas vezes se pensa apenas na criação.
• O espaço associativo é uma alternativa para que agências com focos e contextos diversos possam compartilhar e trocar percepções e experiências com outras empresas do mercado, gerando ganhos mútuos.
• O espaço associativo viabiliza o enfrentamento dos desequilíbrios de mercado, como a falta de regulamentação das plataformas.
• O espaço associativo possibilita que as empresas promovam em conjunto uma qualificação dos profissionais e, por consequência, de mercado.
Mais informações sobre o “Fenapro Transforma”neste link: https://bit.ly/paper-transforma.