Morre a repórter e apresentadora Glória Maria! Fez história, quebrando barreiras e tabus. Jornalista atuando em Brasília, uma vez encontrei-me com ela, fora dos bastidores de reportagem, num shopping chic de Sampa: no chão, era igualzinha ao que se via na TV – elegância só, distribuindo sorrisos e até autógrafos, porque, sim, era uma estrela global.
Nos deixa aos 73 anos, com uma trajetória no jornalismo de muita coragem, determinação, inteligência e desbravamento. Não foi a primeira cara negra das notícias na telinha mas, seguramente, a que mais abriu caminho. Em gênero e raça. Agia como se o racismo não existisse. Mas relatou na Globonews alguns dos percalços, tentativas de descrédito e até tentativas de violência física que sofreu no exercício da profissão, mesmo tendo por trás a sempre poderosa Rede Globo.
Entrou na Globo fazendo estágio no programa do Chacrinha, no final dos anos 1960. Nascida em Vila Isabel, zona Norte do Rio, Glória Maria se formou em jornalismo na PUC-Rio. O povo brasileiro daquela época se acostumou a ver aquela preta entrar em casa, praticamente todos os dias, com reportagens triviais ou audaciosas. Pioneira, a primeira a entrar ao vivo e a cores no Jornal Nacional, contou que a luz falhou, ela acendeu a luz do carro e ela e o câmera gravaram de joelhos, para que a luz pudesse alcançar o seu rosto. Abriu caminho e foi inspiração a muitas mulheres, não só negras. De 1998 a 2007 apresentlou o Fantásitco. Afastou-se da telinha por um período pessoal conturbado. Mas voltou, para o Globo Repórter em 2010. Seu último programa foi em agosto do ano passado, quando já lutava contra um câncer no cérebro.
“É como muita tristeza que informamos a morte da nossa colega, a jornalista Glória Maria”, disse Ana Paula pela manhã no Bom Dia.
Ela não teve filhos. Foi casada com o francês Eric Auguin, por oito anos, ele lá, ela aqui no Brasil. Adotou em 2009 Maria (15) e Laura (14), depois de conhecê-las em um orfanato em Salvador.
