O programa Chacoalha da última quarta-feira (14), promovido pela Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), teve como convidado o sócio fundador e CCO da Figtree&Co, Ricardo Figueira. No bate-papo com o presidente da Fenapro, Daniel Queiroz, Ricardo apresentou diversos insigths sobre as novas dimensões da criatividade e dos negócios, no atual cenário de ascensão do digital no mercado da publicidade e da comunicação.
Durante o programa, Ricardo apresentou alguns cases de sucesso sobre a nova realidade, que ele batizou de "renascença da construção de marca". Já não basta mais criar mensagens ou conteúdos para definir uma marca – é preciso criar ações que gerem valor para as pessoas, por meio de projetos inovadores, conteúdos e propósitos de uma marca.
"Criatividade e inovação nunca foram tão importantes. São, simplesmente, fatores cruciais para a sobrevivência hoje. Contudo, não se trata apenas de criar conteúdo mas, sim, de criar valor com a combinação de conteúdos e ações diversas, que vão gerar a percepção de marca nos consumidores", destacou Ricardo. "A ‘renascença’ da construção de marca significa criar motivações para as pessoas amarem uma determinada marca, o que passa pela experiência diária do consumidor. E as agências que souberem ajudar uma marca a facilitar a vida do cliente terão vida longa nessa nova realidade", opinou.
Para exemplificar o tema criatividade, Ricardo apresentou um case ganhador do prêmio "História de marca do ano de 2017" na Europa, sobre uma campanha para a Fleetlights.
O case mostra como a Fleetlights conseguiu ajudar os habitantes de uma cidade da Inglaterra – conhecida pela pouca eletricidade disponível para iluminar as ruas e estradas durante a noite – a solucionar o problema, que tinha colocado a cidade na posição de campeã de acidentes no país.
A solução foi a criação de um serviço inovador de drones que emitem luzes ao longo de todo o trajeto, e que podem ser controlados pelo consumidor via aplicativo, enquanto ele se desloca a pé ou de carro pela cidade, apoiado por um serviço essencial para a comunidade local.
Para Daniel Queiroz, a equipe criativa dessa campanha não pensou apenas no produto em si, mas em uma ideia como alternativa para melhorar a vida das pessoas, indo muito além de inovação."
Outro ponto debatido no Chacoalha foi a questão da transformação digital e a necessidade de ela ser realizada juntamente com a "humanização da tecnologia", que significa ensinar as pessoas a lidarem com a tecnologia. De acordo com Ricardo, ainda há muita confusão sobre a transformação digital e ela está acontecendo apenas dentro das empresas, sem ser acompanhada, de fato, como um serviço ofertado ao mercado, que acompanhe fielmente a transformação dos novos hábitos das pessoas, diante do impacto do digital.
"É verdade que toda agência precisa atualizar sua tecnologia, mas não adianta fazer isso sem renovar a forma como se trabalha com os clientes, sem propor algo novo em termos de novos hábitos, de maior conveniência e maior facilidade. O perigo está na fragmentação do processo e nos nichos digitais, que confundem os clientes e os deixam sem saber para onde recorrer conforme suas necessidades. Por isso, penso que a transformação digital deve ser realizada junto com uma transformação cognitiva, cultural, das pessoas mesmo e dos clientes. É necessário fazer a "humanização da tecnologia", que, para mim, é a maior revolução. E isso só se consegue fazer através da humanização da empresa, não adianta ter tecnologia que não cabe na cultura das pessoas", completou Ricardo.