O impacto da pandemia nas empresas e instituições e o cenário atual da área de comunicação, com mudanças e desafios como a desintermediação da informação, avanço de fake news e a polarização política, colocaram o profissional de Relações Públicas no papel de protagonista para o fortalecimento da reputação e dos relacionamentos das empresas, como base para a construção de uma comunicação autêntica com os públicos de interesse.
A conclusão faz parte do estudo no ebook “As 12 tendências de Relações Públicas e Comunicação para 2022”, produzido pela Oficina Consultoria e que foi o tema central da edição do Arena de Ideias, webinar quinzenal. Pela primeira vez, contou com acessibilidade em Libras, um recurso que estará disponível também nos próximos episódios, em sintonia com as ações do Comitê de Diversidade e Inclusão da agência.
Para aprofundar o debate sobre o tema, a sócia-diretora da Oficina Consultoria, Patrícia Marins, recebeu Paulo Nassar, diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e professor titular da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); e Liliane Pinheiro, diretora-executiva da Oficina.
Segundo Patrícia Marins, ao assumir o protagonismo na atuação para fortalecer reputação das instituições, o profissional de Relações Públicas se torna responsável pela produção de uma narrativa verdadeira para combater o chamado ‘vírus informacional’.
“São momentos novos na sociedade que exigem de nós construções mais enfáticas para combater esse status quo colocado. Acredito que seja esse o papel do profissional de relações públicas, do comunicador, que vai desde a construção da inteligência, a construção da estratégia, a construção da narrativa. Existe um protagonismo aí em curso pela necessidade,” analisa.
Diante do cenário atual de avanço do uso de fake news, especialmente no ano eleitoral, e da desintermediação da informação, o presidente da Aberje, Paulo Nassar, destacou o poder da narrativa como tema central da atividade de Relações Públicas e afirmou que, não por acaso, a área de comunicação tem se aproximado e se conectado com a área de inteligência.
“Os comunicadores são cientistas de narrativa e por isso eles devem se aproximar do cientista de dados e do cientista de inteligência,” defendeu. Para Nassar, essa aproximação se dá em benefício da efetividade da comunicação entre empresas e instituições.
Já Liliane Pinheiro, diretora-executiva da Oficina, reforçou a importância de investir nessa postura de cientista com abordagem de relações públicas em conexão com a ciência de dados.
“Não há resposta pronta sobre qual é a melhor estratégia de comunicação. Assim como o médico precisa do diagnóstico para receitar o melhor tratamento, comunicadores e especialistas de relações públicas precisam mergulhar nesse universo científico que gira em torno da construção da reputação. É um chamamento à uma mudança de postura: sair do modo automático e migrar para o modo cientista,” ressalta.
Liliane Pinheiro destaca três pontos que evidenciam o viés científico na atuação do profissional de relações públicas: a ciência de dados, com inteligência aplicada; as ciências humanas, para entender o comportamento e acessar o sentimento das pessoas e a tecnologia, como potencial para construir o novo mundo das relações públicas, gerando inclusão no mundo híbrido.
Outra tendência identificada no estudo é a necessidade das marcas se posicionarem sobre política e questões sociais, já que a sociedade espera posicionamento sobre as pautas relevantes da agenda da sociedade e soluções de impacto social. Segundo Liliane Pinheiro, as empresas devem assumir uma posição de comunicação ativa e de debate público dentro desse ambiente de desinformação.
“Esse ambiente mostra que falta posicionamento, conteúdo e narrativa de quem quer falar a verdade. Por isso, o ambiente está tão contaminado de fake news. Marcar posição é importante e construir narrativa envolve, realmente, ocupar esse espaço,” completa.
"O levantamento das 12 tendências para o segmento de Relações Públicas em 2022 acompanha as transformações atuais no âmbito da comunicação que cada vez mais ganha mais espaço e força no meio digital, com pautas voltadas para temas como ESG e questões sociais,” define Patrícia Marins.