*Por Antoninho Rossini
Mesmo com todas as honras de Estado exibidas na Esplanada dos Ministérios, em comemoração ao dia 7 de setembro, o Dia da Independência, Zé Gotinha, verdadeiro ícone das campanhas de imunização foi um dos símbolos mais aplaudidos, inclusive das maiores autoridades representativas do Brasil e da plateia sempre disposta a lembrar e honrar a pátria. Ele até figurou como “pin” colocado nas lapelas de indumentárias masculinas e nos trajes das senhoras presentes. Isso mesmo! O Zé Gotinha, todo faceiro, desfilou em carro aberto fazendo parte dos mesmos agrupamentos que representavam os poderes (com ou sem armamentos) da nossa república. Seu sucesso faz a gente refletir sobre um passado recente e um futuro ainda incerto.
No passado recente, quando o Brasil tinha outro presidente, Zé Gotinha foi preterido e até descaracterizado; comenta-se que chegou a ser desenhado empunhando arma, imagem que correu o mundo. Imperava o negativismo sobre a real importância da vacinação para minimizar os efeitos de várias doenças transmissíveis, especialmente a Covid, que dizimou centenas de milhares de vidas no país e ainda continua assombrando a humanidade. Essa passagem da nossa história ainda será contada, isenta de qualquer conotação política. Sobre o Zé Gotinha, vale ressaltar, é um jovem de 37 anos, mas quando se fala em comunicação, marketing, publicidade e suas dinâmicas, pode ser considerado um quase “senhor”. Foi criado pelo designer gráfico ( e hoje escultor) Darlan Rosa, em 1986, para Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde.
O primeiro, Zé Gotinha foi construído por meio de traços leves, apresentando uma imagem bem-humorada e sociável. Depois, ganhou implementações e movimentos, até tornar-se peça tridimensional. Darlan gosta de se lembrar do processo criativo que o levou até o Zé Gotinha, que, aliás, para muitos já se transformou em criatura. Ainda mais agora, com sua aparição nas comemorações de 7 de setembro e as promessas das autoridades de que a imunização será um dos seus pilares no gerenciamento de atividades a favor da saúde no Brasil.
Durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro deste ano, Darlan passou horas autografando o livro no qual se aprofunda na história do Zé Gotinha.
Durante muitos anos e em diferentes gestões do Governo Federal, as agências de publicidade ambicionavam conquistar a conta de comunicação do Ministério da Saúde, não só pelo seu volume de verba, como também porque poderiam contar nas suas estratégias com a figura emblemática do Zé Gotinha. Eram realizados ajustes aqui ou ali, mas a ancoragem da comunicação estava garantida. Isso, porque, os resultados também estavam garantidos com o Zé Gotinha. Anualmente o calendário de vacinação era precedido por uma campanha publicitária de utilidade pública para atrair a atenção e o apoio das famílias brasileiras em relação às vacinas. Em seguida os postos de vacinação, antes de receber especialmente as crianças, para imunizações recebiam as ilustrações do Zé Gotinha – ficava mais fácil lidar com a garotada e facilitava a vida dos pais.