O jornal Folha de São Paulo já não é mais o mesmo. Sempre propagandeado como politicamente correta, a publicação foi, essa semana, alvo de protesto de dezenas de jornalistas de sua própria redação. Os profissionais se uniram para, publicamente, criticar a conduta adotada pela direção do jornal.
Em carta aberta enviada à secretaria de redação e ao conselho editorial do próprio veículo de comunicação, 186 profissionais criticaram o que definiram como “publicação recorrente de conteúdos racistas”. A manifestação ocorreu por causa da divulgação do artigo intitulado “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo”. Assinado pelo escritor Antonio Risério, o conteúdo foi publicado no domingo, 16, chegando a ser compartilhado no perfil da Folha no Twitter, além de ganhar espaço na home do site do título.
O artigo de Risério não foi, no entanto, o único ponto mencionado no manifesto dos jornalistas da Folha. O material entregue à direção do jornal afirma que colaborações de Leandro Narloch e Demétrio Magnoli já vinham cumprindo o papel de, segundo afirmação da carta, propagar “falácias e distorções” que “negam ou relativizam o caráter estrutural do racismo na sociedade brasileira”.
Com esses três articulistas mencionados, a carta em tom de repúdio à direção da Folha de S. Paulo questiona a estratégia por trás da veiculação de conteúdos desse tipo. O grupo indica, nesse sentido, que o objetivo da empresa de mídia seria meramente ganhar repercussão e audiência por meio de tais “polêmicas”.
Vai na contramão de esforços importantes para enfrentar o racismo institucional dentro do próprio jornal, afirmam os profissionais.