Brasília, 13 de Fevereiro de 2025 - 0:51

DEFENSOR ALERTA SOBRE O PRECONCEITO DE CONTRATAR IDOSOS

O etarismo, uma forma de discriminação baseada na idade, está se tornando um desafio cada vez maior no mercado de trabalho do Brasil, à medida em que aumenta a expectativa de vida da população. A rigor, a busca por talento e competência deveria ocorrer sem levar em conta a idade do profissional. No entanto, a realidade comprova que muitos trabalhadores mais velhos ficaram marginalizados em decorrência de estereótipos e práticas discriminatórias.

A discriminação não apenas priva de oportunidades de emprego e renda os indivíduos com mais idade, afirma o defensor Público Federal André Naves, “mas também perpetua uma cultura prejudicial que desvaloriza a experiência a e sabedoria adquiridas ao longo dos anos de trabalho”, diz o defensor, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.

A EY Brasil, em parceria com a plataforma Maturi, realizou uma pesquisa com o seguinte foco: “Por que pessoas 50+ não são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?”. O resultado mostrou que o preconceito contra os mais velhos é uma realidade. Entre as 191 empresas de 13 setores que foram ouvidas, 78% delas acham que as organizações são, sim, etaristas e 33% não praticam nenhuma abordagem sobre o tema. A falta de ações concretas se traduz em outro dado alarmante: 80% delas não possuem políticas específicas e intencionais de combate à discriminação por idade em seus processos seletivos.

Em um país que está envelhecendo rapidamente, é surpreendente que os próprios líderes empresariais, muitos com mais de 50 ou 60 anos, não avancem na discussão do etarismo. Apenas 45% das corporações se dedicam alguma atenção etária ou geracional.

Naves argumenta que, para combater o etarismo, é essencial que os governos, entidades, ONGs e outros representantes da sociedade apliquem uma abordagem que envolva tanto o debate e a conscientização dos brasileiros sobre o tema quanto a implementação de políticas e regulamentações que protejam, de fato, os direitos dos trabalhadores mais velhos.

Além disso, o defensor destaca a importância da implementação de programas de capacitação e reciclagem profissional adaptados às necessidades desses trabalhadores, permitindo aos mais experientes continuar contribuindo de maneira significativa para a força de trabalho.

“É fundamental, antes de tudo, reconhecer a contribuição dos trabalhadores mais velhos no ambiente de trabalho, inclusive junto aos profissionais mais novos”, diz Naves. “Eles possuem uma riqueza de experiência, habilidades, visão de mundo e perspectivas que são inestimáveis para qualquer organização. Negar-lhes oportunidades com base na idade é não apenas injusto, mas também contraproducente para o sucesso das organizações.”

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