Milhões de pessoas viram sua primeira notícia na TV apresentada por Cid Moreira, e gerações de jornalistas se inspiraram na sua locução marcante e potente para iniciar a carreira. O Brasil perdeu nesta quinta-feira, 03 de outubro, um dos maiores nomes da comunicação nacional. Aos 97 anos, Cid Moreira morreu pela manhã na cidade de Petrópolis-RJ, por falência múltipla dos órgãos.
Combatendo havia anos problemas renais cada vez mais graves, ele mesmo disse há alguns dias para a esposa, Fátima Sampaio Moreira, que estava “cansado de lutar”. O jornalista tratava uma pneumonia quando foi internado no Hospital Santa Teresa semanas atrás, de onde não saiu mais. Natural de Taubaté-SP, Cid Moreira deixa gravado em destaque seu nome no memorial do jornalismo brasileiro.
Do rádio para a TV
Um dos rostos mais conhecidos da TV, Cid Moreira havia completado 97 anos no último domingo, dia 29 de setembro, e morreu 80 anos depois de iniciar, ainda jovem, sua carreira no rádio, em 1944, quando por insistência de um amigo fez um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que, entre 1951 e 1956, registrou suas primeiras aparições na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.
Sua estreia como locutor de noticiários ocorreu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio, o que marcou o início de sua carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental.
Em 1969, Cid Moreira voltou à Globo para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”, que então ia ao ar às 19h45. No mesmo ano, foi escalado para a equipe do recém-lançado “Jornal Nacional”, o primeiro telejornal transmitido em rede nacional no país. A estreia ocorreu em setembro de 1969, e Cid dividiu a bancada com Hilton Gomes.
Cid Moreira não tinha formação acadêmica como jornalista nem se dedicava às reportagens, portanto, não participava da produção do jornal. “Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Eu só ia para apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. E, para mim, era normal”, contou Cid Moreira. “Mas no dia seguinte, vi na capa do jornal O Globo: ‘Jornal Nacional…’ Aí comecei a perceber a dimensão”, revelou o apresentador ao Memória Globo.
Dois anos depois, em 1971, iniciou uma parceria de longa data com Sérgio Chapelin. Durante 26 anos, Cid foi o principal rosto do JN. Sua voz tornou-se sinônimo de credibilidade, e seu “boa-noite” diário marcou a televisão brasileira. Para muitos brasileiros, durante anos os fatos só existiam após Cid Moreira noticiá-los.
Em 1996, uma reformulação do programa trouxe novos apresentadores, William Bonner e Lillian Witte Fibe, com Cid Moreira dedicando-se à leitura de editoriais.
Na Globo, Cid participava paralelamente do “Fantástico” desde sua estreia, em 1973, revezando com outros apresentadores. Em 1999, ele narrou o famoso quadro do mágico Mr. M, que se tornou um grande sucesso do programa. Sua voz marcante ficou tão ligada ao quadro que ele entrevistou o próprio Mr. M quando o ilusionista visitou o Brasil no ano seguinte.
A partir da década de 1990, Cid começou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, realizou o objetivo pessoal de gravar a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um grande sucesso de vendas.
(Com informações do G1)
Foto: Acervo Grupo Globo