O Brasil se despede neste domingo, 13 de outubro, de um dos maiores nomes da publicidade no país, Washington Olivetto, responsável por campanhas históricas e colecionador de prêmios em vários países.

Publicitário desde os 18 anos de idade,Washington Olivetto, um dos nomes mais influentes e premiados da propaganda brasileira, morreu aos 73 anos, no Rio de Janeiro. Internado por quase cinco meses no hospital Copa Star, Olivetto morreu em decorrência de complicações pulmonares, que evoluíram para falência múltipla de órgãos. 

Seu trabalho e estilo criativo transformaram a publicidade nacional. Responsável por criações memoráveis, como o garoto Bombril, o primeiro sutiã da Valisere e a Democracia Corinthiana, Olivetto acumulou mais de 50 Leões no Festival de Cannes, além de ter sido o único latino-americano a ganhar um Clio, em 2001. Ao longo de cincodécadas, ajudou a moldar a publicidade brasileira, sempre mesclando irreverência e sensibilidade.

Várias campanhas marcantes, gravadas nas memórias dos brasileiros por gerações, foram criadas pelo publicitário. Uma delas é o Garoto Bombril, de 1978, que foi representado na TV brasileira pelo ator Carlos Moreno. 

O comercial apresentava um protagonista, sendo um cientista do setor de desenvolvimento de produtos da empresa Bombril, explicando de forma divertida como funcionava a mercadoria. A campanha entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, como a que ficou mais tempo no ar na história: 34 anos e mais de 340 filmes.

Olivetto era um publicitário que não se limitava ao mundo corporativo. Seu apreço pela simplicidade e pelo que chamava de “útil ao fútil” o fez frequentar tanto bares populares quanto eventos sofisticados, sempre misturando suas experiências de vida em suas criações. Essa abordagem o tornou um narrador carismático de si mesmo, um garoto-propaganda que sabia se vender e vender suas ideias com maestria.

Criador de comerciais notáveis, como o cachorro da Cofap e o casal Unibanco, ele se destacava não apenas pela inovação, mas também pela profundidade de suas mensagens. Além disso, foi vice-presidente de marketing do Corinthians. O reconhecimento público de seu trabalho inspirou uma das canções mais famosas de Jorge Ben Jor – “W/Brasil”.

O sequestro

Washington Olivetto foi vítima de um dos sequestros mais longos e noticiados do Brasil no começo deste século, iniciado no dia 11 de dezembro de 2001, quando criminosos chilenos e argentinos forjaram uma blitz da Polícia Federal no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Disfarçados de policiais, os bandidos pararam o carro que levava o publicitário, agrediram o motorista, tiraram Olivetto e o colocaram em outro carro. 

A vítima ficou 53 dias presa em um cativeiro. Ele foi mantido em um quarto sem janelas e entrada de luz, a única regalia era um banho rápido a cada quatro dias. O publicitário relatou na época que foi agredido pelos criminosos. Os sequestradores pediram R$ 10 milhões pelo resgate, que nunca foi pago.

Em fevereiro de 2002, o dono de uma chácara em Serra Negra, no interior de São Paulo, desconfiou de seus inquilinos e chamou a polícia. Seis pessoas foram presas no local, mas Olivetto não foi encontrado. Um dos detidos entrou em contato com o restante do grupo, que mantinha o publicitário sequestrado, e contou que havia sido preso.

Com a notícia, os criminosos fugiram. Washington, que ficou sozinho, começou a gritar por socorro e foi atendido por vizinhas, que chamaram a polícia e ele foi libertado.

Família

Washington Olivetto deixa sua esposa, Patricia Viotti, e três filhos: Homero, Theo e Antonia. Seu legado vai além das campanhas publicitárias, sendo lembrado como um visionário que redefiniu o conceito de propaganda no Brasil, sempre com um toque de humor e humanidade. Sua morte encerra um capítulo brilhante na história da publicidade mundial.

Seu corpo será cremado nesta segunda-feira, 14 de outubro, em São Paulo.

^{Com informações da Folha de São Paulo e do Jornal O Dia}